João Calvino em seu livro Romanos expõe sobre os versículos 33 a 36 do capítulo 11 da Carta do Apóstolo Paulo aos Romanos.
Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro? Ou quem primeiro deu a ele para que lhe venha a ser restituído? Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!
“ ... Ao ouvirmos as palavras, Ó profundidade, sentimo-nos incapacitados para expressar a imensurável força que esta declaração de espanto encerra no sentido de reprimir a temeridade da carne... O apóstolo nada mais pode fazer senão ponderar e exclamar que as riquezas da sabedoria de Deus são demasiadamente profundas para que a nossa razão seja capaz de sondá-las... Ele prossegue ainda com sua exclamação, na qual exalta ainda mais o mistério divino, enquanto que nos refreia ainda mais da natural curiosidade de nossa investigação. Aprendamos, pois, a evitar as inquirições concernentes a nosso Senhor, exceto até onde ele se nos revelou através da Escritura. Do contrário, entraremos num labirinto do qual o escape não nos será fácil... Já que nosso dever é deixar-nos guiar pela orientação do Espírito, então devemos ficar e permanecer onde ele nos deixar. Se alguém presume conhecer mais do que o Espírito lhe haja revelado, o mesmo acabará sendo fulminado pelo imensurável fulgor dessa luz inascessível. Não devemos esquecermo-nos da distinção entre o conselho secreto de Deus e sua vontade revelada na Escritura. Ainda que toda a doutrina da Escritura exceda, em sua sublimidade, ao intelecto humano, todavia os crentes que seguem o Espírito como seu Guia, com reverência e circunspecção, não são proibidos de ter acesso à vontade divina. Entretanto, outro é o caso em relação a seu conselho oculto, cuja profundidade e cuja altura não temos como atingir através de nossa investigação... “