sexta-feira, 22 de julho de 2011

Lí, gostei e recomendo #028 >>> Calvinismo: As antigas doutrinas da graça

Texto extraído do livro de Paulo Anglada, “Calvinismo: As antigas doutrinas da graça”, publicado pela Knox Publicações.

“A doutrina calvinista da graça eficaz deve ser compreendida à luz da doutrina da graça como um todo. A graça de Deus é o atributo divino que faz com que Ele manifeste seu favor ao homem, agindo para com ele de maneira misericordiosa, bondosa e longânime.  Quando o calvinista fala da graça eficaz, ele se refere a uma das características da graça especial de Deus. Ele se refere ao seu favor imerecido com relação à salvação dos eleitos. Essa é a sublime manifestação do amor de Deus para com o homem. Contudo, existem outras.  O favor imerecido de Deus para com a criatura, e para com o homem em especial,  se manifesta de diversos modos, tanto para com os eleitos como para com os não-eleitos.  Essas manifestações gerais da graça de Deus são chamadas de “graça comum” ou “graça geral”.

Essas duas manifestações da graça de Deus são essencialmente diferentes. A graça especial é espiritual no sentido em que é salvífica; a graça  comum é natural (pois nenhuma quantidade dela  pode salvar).  A graça especial é apenas para os eleitos; a graça comum é para todos. A graça especial é uma ação sobrenatural do Espírito Santo; a graça comum é sua ação ordinária. A graça especial é regeneradora, isto é, cria uma nova natureza no homem, o qual se torna co-participante da natureza divina de Cristo, enquanto a graça comum não altera a natureza humana, a qual continua depravada e caída. A graça especial é justificadora; ela livra da culpa do pecado, reconciliando o homemcom Deus; a graça comum não altera o estado legal do homem, visto que ele cotinua culpado, por maiores que sejam as bençãos que possa receber de Deus. A graça especial é santificadora, e livra do domínio do pecado; a graça comum pode apenas restringir a influência do pecado.

Finalmente, outra característica distintiva e essencial da graça especial de Deus é que ela é eficaz e irresistível.  A graça especial é irresistivelmente aplicada, produzindo tudo o que foi dito acima, enquanto a graça comum jamais produzirá quaisquer desses resultados. A graça especial não se restringe à persuasão moral; ela inclui também a operação eficaz do Espírito Santo.

A graça comum pode ser não-moral ou moral, quanto aos seus resultados. A graça comum não-moral ou moral atua com relação às bençãos gerais de Deus, tais como a chuva, o sol, o alimento, o vestuário, a moradia, etc., as quais, até certo ponto, são indistintamente distribuídas tanto aos eleitos como aos não-eleitos. A graça moral diz respeito aos resultados morais produzidos pela persuasão moral (por uma operação geral do Espírito Santo) que, por meio dos governos, das leis, da opinião pública e da consciência, restringe o pecado e produz certo grau de decência, de ordem, de justiça, de moral, de verdade, de ciência, etc.

Outra graça comum moral corresponde a todos os benefícios que o evangelho proporciona tanto a regenerados quanto a não-regenerados: a pregação da Palavra (o chamamento externo), a membresia eclesiástica, o convívio com e o testemunho dos eleitos, a disciplina eclesiástica, etc. Os judeus no Antigo Testamento, os filhos dos crentes, e os que frequentam a igreja gozam desse privilégio, o qual não deve ser menosprezado – é uma grande benção estar no lugar certo. Entretanto, não se deve confundir esta graça com a graça especial (eficaz).”