segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Li, gostei e recomendo #51 >>> Como Jesus Governa a Igreja

Trata-se do livro “Como Jesus Governa a Igreja”, de Guy Prentiss Waters, lançado pela Editora Cultura Cristã no ano de 2018. 

As gerações que se sucederam desde os anos 1950 primam pela ojeriza a autoridades. Fui, portanto, também vítima dessa mentalidade. Enquanto afastado de Deus, a simples menção do termo “autoridade” já me causava arrepios. No fundo, eu cria pertencer a uma raça já mais evoluída, fraterna, igualitária e pacificadora... Engano! Engano que me foi revelado quando a luz de Cristo ofuscou minha visão distorcida e fantasiosa, e assim me trouxe a um Reino de verdadeira paz, paz eterna... Mas já estou me desviando muito do tema do livro, cuja leitura gostaria de sugerir aos cristãos verdadeiros que me leem. 

O livro trata do Governo da Igreja realizado por Jesus Cristo, cuja autoridade é delegada aos salvos que Ele chamou para esse fim inclusive. Muitos não valorizam o tema, e consideram como assunto secundário para ser tratado em estudos bíblicos ou sermões em nossas comunidades e igrejas cristãs. Esse comportamento resulta em grande perda na edificação e santificação das igrejas. 

Deixo aqui um pequeno trecho escrito pelo autor, Guy Waters, próximo ao final de seu livro:

O grande tema do ministério de Jesus é o reino de Deus. Seu ministério galileu começa com o anúncio: “O tempo está cumprido, e o Reino de Deus está próximo; arrependei-os e crede no Evangelho” (Mc 1:15). Depois de sua ressurreição, Jesus diz aos discípulos que “toda autoridade me foi dada no céu e na terra” (Mt 28:18). Como Pedro proclamou no dia do Pentecostes aos judeus reunidos em Jerusalém, na ressurreição de Jesus ele foi “exaltado, pois, à destra de Deus” (At 22:33). 

Jesus não é um governante ausente. Ele declara que está com seu povo até o fim dos tempos (Mt 28:20). Ele não está apenas presente com o seu povo, mas também governa agora. Os apóstolos se gloriam no reinado atual de Jesus, pois ele é “cabeça sobre todas as coisas, o deu à igreja, a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que a tudo enche em todas as coisas” (Ef 1:22-23). Como cabeça da igreja, Jesus “recebeu dons para sua igreja, e concedeu oficiais necessários para a edificação da igreja e aperfeiçoamento dos seus santos” (The book of the church order of the Presbyterian Church in America, 2010). O governo da igreja é um dom do Jesus ressurreto e reinante à igreja e lembra perpetuamente à igreja que Jesus está no seu trono...

... O governo bíblico da igreja é um pilar e suporte tremendo para a fé da igreja, um indicador de grande esperança da igreja. O governo da igreja lembra-nos que Jesus está agora no seu trono, reinando sobre todas as coisas para o bem da sua igreja. Isso nos assegura que Jesus voltará em glória no último dia.

No entanto, o funcionamento cotidiano do governo da igreja pode ser difícil e, algumas vezes, desagradável. Infelizmente, o governo da igreja tem sido ensejo para cristãos ofenderem outros cristãos e serem ofendidos por eles. As tentações ao desânimo e cinismo são abundantes. Podemos facilmente assumir uma postura de indiferença conformada em relação ao governo da igreja. É particularmente em ocasiões assim que devemos nos lembrar de que o governo bíblico da igreja é a expressão visível do reinado atual de Jesus, e que o governo da igreja é a boa e sábia provisão de Jesus para a reunião e edificação da sua igreja. O governo bíblico da igreja é, em si mesmo, bom, e Jesus trabalha o bem por intermédio dele para a sua igreja.  

Entender o governo da igreja é conhecer e glorificar nosso Senhor Jesus Cristo. Se você é um oficial da igreja, então demonstre seu amor pelo seu Salvador, dedicando-se novamente ao seu ofício e às suas responsabilidades. Há alguma responsabilidade sua que tenha deixado de lado? Há uma área na qual, como oficial da igreja, você possa ser mais diligente e cuidadoso? Faça um esforço para aprender os princípios e práticas de um governo bíblico da igreja melhor ainda do que você conhece agora – não para se vangloriar, mas para edificar a igreja. Saia da sua zona de conforto para incentivar e apoiar colegas oficiais, especialmente aqueles cujo trabalho frequentemente não é notado nem apreciado ou aqueles que estão sofrendo injustamente pela sua fidelidade no dever. Ore fervorosamente para que o Espírito de Cristo use o trabalho fiel, tanto seu quanto o dos seus companheiros de oficialato para o bem do rebanho de Cristo. Trabalhe com seus companheiros oficiais para informar à igreja sobre o trabalho dos concílios da igreja. Isso mostrará à congregação quão seriamente você considera suas responsabilidades como oficial da igreja e, simultaneamente, imprimirá nela a importância do trabalho da igreja.

Se você não é um oficial na igreja, então mostre seu amor por Jesus orando pelos oficiais da igreja e pelo trabalho deles. Gaste tempo e esforço para incentivá-los. Você diz a eles ou escreve para eles sobre o quanto aprecia o duro trabalho que eles fazem e que muitas vezes nem é visto? Demonstre respeito pelos oficiais da sua igreja – na maneira como fala deles e com eles e na maneira como você os trata. Seja modelo para o seu cônjugue, filhos e netos de como respeitar, honrar e incentivar os oficiais da igreja. Mantenha-se informado a respeito do trabalho dos concílios da igreja. Faça um esforço de orar pelas questões que serão tratadas no conselho, no presbitério e no Supremo Concílio e pelos homens que irão encarregar-se desse trabalho. Ore também para que Deus conceda dons a homens piedosos para o oficialato da igreja. Na sua igreja você tem ficado atento a candidatos adequados para o ofício da igreja? 

Essa atenção ao governo da igreja é inseparável do discipulado cristão. Mostrar interesse pela igreja é sempre mostrar interesse por Jesus. Procurar o bem da igreja é procurar a glória de Cristo. Cuidar do governo da igreja e ser zeloso por ele é prezar e apreciar o reinado de Jesus.

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Li, gostei e recomendo #50 >>> O Livro sobre Liderança

Trata-se de um autor famoso no meio cristão reformado. John MacArthur tem tido um ministério frutífero como líder e, dessa maneira, está “autorizado” a escrever sobre os atributos desejáveis para o exercício de liderança na igreja ou em outros locais, como na própria família, nas atividades profissionais ou ainda políticas. O Livro sobre Liderança, editado no Brasil pela Cultura Cristã em 2009, nos traz grandes ensinos tendo por base o apóstolo Paulo como líder incomparável que foi junto à igreja primitiva, cujo ensino e exemplo ressoam até hoje na cristandade. O autor trabalha 26 características desejáveis para um verdadeiro líder exercer com dignidade e louvor o seu papel. Essas características são pinçadas cuidadosamente na vida e testemunho de Paulo (narrados por Lucas no Livro de Atos), assim como nas cartas do próprio Paulo no Novo Testamento, destacando-se as cartas aos Coríntios e a Timóteo. 

O livro confronta os líderes a se mirarem no exemplo Paulino, assim como do próprio Senhor Jesus, para exercerem principalmente ministérios de liderança na igreja. A leitura do livro é também muito útil na ajuda dos membros de igreja quando precisam definir suas escolhas para líderes em suas comunidades cristãs, ou mesmo no âmbito de instituições seculares. Uma vez que líderes são pessoas muito importantes para a saúde de nossas igrejas e sociedade, recomendo efusivamente, portanto, sua leitura. Muito fui edificado por essa leitura e o mesmo lhe desejo caro leitor.

Reproduzo aqui pequeno trecho quando o autor fala sobre a característica da humildade: “Embora Paulo estivesse supremamente confiante do seu chamado e bastante seguro do próprio dom, ele também se lembrou de onde esses dons haviam procedido e sabia que eles não eram de dentro dele. A fonte da sua suficiência era Deus. Paulo nem por um momento imaginou que era adequado para o ofício apostólico em e de si mesmo. Pelo contrário, ele sabia que sozinho era inadequado.”

sábado, 13 de outubro de 2018

Li, gostei e recomendo (com ressalvas) #049 >> Cristianismo e Política


Já faz algum tempo que li “Cristianismo e Política”, de Robinson Cavalcanti, da Editora Ultimato. Embora o posicionamento do autor tendesse um pouco para a esquerda, tendo vivido em outro momento da política nacional, seu livro apresenta informação e ideias que podem nos ajudar em nossa reflexão sobre uma cosmovisão cristã acerca de nossa responsabilidade como cristãos e como cidadãos. Afinal como ele diz em seu livro: “O apolítico não tem como deixar de ser político, só que o é pessimamente”. 

O livro nos traz reflexões sobre a história e a relação entre governos e religiões. Por exemplo, muito embora não houvesse intenção política na ação dos reformadores, observa-se que grande parte da expansão do protestantismo deveu-se à uma situação política favorável em alguns países preparada pela providência divina. Dessa maneira, em última instância o Senhor Deus pode ser “lembrado” em nossas orações para termos governantes que sejam benignos para com os seguidores da fé cristã que confessamos. 

O livro trata também, dentre outros temas, da necessidade de uma ação política por parte dos cristãos. Destaca que cabe à Igreja um ministério de intercessão pelo país, pelos que estão no poder e pelos problemas que afligem o povo. Ao lado da proclamação e ensino do Evangelho, e encarnando a consciência moral da nação, a Igreja deve posicionar-se diante de ideias e ações que contrariem a vontade de Deus. Cristãos, sejam líderes ou liderados devem exercer uma cidadania responsável, informando-se sobre os caminhos políticos em pauta na vida contemporânea e agirem em prol de políticas públicas democráticas que atendam às necessidades dos mais pobres, à garantia da paz social e ao equilíbrio nas atividades econômicas. 

Obviamente, a Igreja deve evitar opções partidárias, e promover a manutenção de uma atmosfera fraternal e de mútuo respeito entre os irmãos de pensamento divergente. Por outro lado, existe a necessidade de termos uma posição cristã acerca dos valores espirituais na vida pública, e atentarmos para a batalha entre o Reino de Deus e o reino da perdição. Dessa maneira, toda e qualquer mobilização deve começar de joelhos. Que sejamos cristãos melhores em nossa prática cidadã em nosso Brasil, nesses dias tão difíceis!