Já faz algum
tempo que li “Cristianismo e Política”, de Robinson Cavalcanti, da Editora Ultimato. Embora o posicionamento
do autor tendesse um pouco para a esquerda, tendo vivido em outro momento da política nacional, seu
livro apresenta informação e ideias que podem nos ajudar em nossa reflexão
sobre uma cosmovisão cristã acerca de nossa responsabilidade como cristãos e
como cidadãos. Afinal como ele diz em seu livro: “O apolítico não tem como
deixar de ser político, só que o é pessimamente”.
O livro nos traz reflexões sobre
a história e a relação entre governos e religiões. Por exemplo, muito embora não
houvesse intenção política na ação dos reformadores, observa-se que grande
parte da expansão do protestantismo deveu-se à uma situação política favorável
em alguns países preparada pela providência divina. Dessa maneira, em última
instância o Senhor Deus pode ser “lembrado” em nossas orações para termos
governantes que sejam benignos para com os seguidores da fé cristã que
confessamos.
O livro trata também, dentre outros temas, da necessidade de uma
ação política por parte dos cristãos. Destaca que cabe à Igreja um ministério
de intercessão pelo país, pelos que estão no poder e pelos problemas que
afligem o povo. Ao lado da proclamação e ensino do Evangelho, e encarnando a
consciência moral da nação, a Igreja deve posicionar-se diante de ideias e ações
que contrariem a vontade de Deus. Cristãos, sejam líderes ou liderados devem
exercer uma cidadania responsável, informando-se sobre os caminhos políticos em
pauta na vida contemporânea e agirem em prol de políticas públicas democráticas
que atendam às necessidades dos mais pobres, à garantia da paz social e ao
equilíbrio nas atividades econômicas.
Obviamente, a Igreja deve evitar opções
partidárias, e promover a manutenção de uma atmosfera fraternal e de mútuo
respeito entre os irmãos de pensamento divergente. Por outro lado, existe a
necessidade de termos uma posição cristã acerca dos valores espirituais na vida
pública, e atentarmos para a batalha entre o Reino de Deus e o reino da perdição.
Dessa maneira, toda e qualquer mobilização deve começar de joelhos. Que sejamos
cristãos melhores em nossa prática cidadã em nosso Brasil, nesses dias tão difíceis!