domingo, 11 de abril de 2010

Lí, gostei e recomendo #002 >>> A Fé na Era do Ceticismo: como a razão explica as crenças divinas



Se Deus não existe, não há como dizer que um ato seja “moral” e outro, “imoral”, mas apenas “este me agrada”. Se é assim, quem goza do direito de transformar em lei os próprios sentimentos subjetivos e arbitrários? Talvez você argumente que “a maioria tem o direito de fazer a lei”, mas será que com isso estará querendo dizer que a maioria tem o direito de votar para exterminar a minoria? Se sua resposta for “não, isso está errado”, você voltará a estaca zero. “Quem foi que disse” que a maioria tem obrigação moral de não matar a minoria? Por que suas convicções morais seriam obrigatórias para os que se opõem a elas? Por que sua visão deve prevalecer sobre a vontade da maioria? ...



... Se Deus não existe, todas as declarações morais são arbitrárias, todas as avaliações morais são subjetivas e internas, e não pode haver um padrão moral externo segundo o qual sejam julgados os sentimentos e valores de alguém...



... A natureza é totalmente regida por um princípio central – a violência dos fortes contra os fracos... No entanto, inescapavelmente, acreditamos ser errado que indivíduos ou grupos humanos mais fortes matem os mais fracos. Se a violência é totalmente natural, por que considerar errado que humanos fortes passem por cima dos fracos? Não há base moral, a menos que defendamos que a natureza, em certo sentido, é antinatural. Não podemos saber que a natureza é de alguma forma imperfeita, a menos que exista algum padrão sobrenatural de normalidade além da natureza pelo qual sejamos capazes de julgar o certo e o errado. Isso significa que é preciso haver céu ou Deus ou algum tipo de ordem divina apartada da natureza a fim de possibilitar tal julgamento...



... Só existe uma saída para esse enigma. Podemos ver os relatos da Bíblia e ver se eles explicam melhor nosso senso moral do que uma visão laica. Se o mundo foi criado por um Deus de paz, justiça e amor, é por isso, então, que sabemos que a violência, opressão e ódio são errados...



... Não tentei provar a existência de Deus para você. Meu objetivo foi lhe mostrar que você já sabe que Deus existe. Até certo ponto, venho tratando da inexistência de Deus como um problema intelectual, mas há muito mais em jogo. Não apenas isso torna sem sentido todas as escolhas morais, como também retira o significado da vida....



... Todos vivemos como se fosse melhor buscar a paz em vez da guerra, falar a verdade em vez de mentir, cuidar e nutrir em lugar de destruir. Acreditamos que tais escolhas não sejam sem sentido, que a maneira que escolhemos viver importa. No entanto, se o Juiz Cósmico está de fato ausente, “quem disse” que uma escolha é melhor que outra? ... No final não fará a mínima diferença se somos bondosos ou cruéis...



... Podemos nos apegar à crença intelectual na ausência de um Juiz e, ainda assim, viver como se as escolhas importassem ou houvesse diferença entre amor e crueldade... Gozamos do bônus de ter um Deus sem o ônus de precisar segui-lo. Mas não há integridade nisso...



... A outra opção é reconhecer que você sabe que Deus existe. Você é capaz de aceitar o fato de que vive como se a beleza e o amor tivessem significado, como se houvesse significado para a vida, como se os humanos possuíssem uma dignidade inerente – tudo porque sabe que Deus existe. É desonesto viver como se ele existisse mas negar-se a reconhecer aquele que lhe deu todas essas bênçãos.



* Extraído do livro “A Fé na Era do Ceticismo: como a razão explica as crenças divinas”, de Timothy Keller, Editora Campus/Elsevier.

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